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quinta-feira, 15 de março de 2012

ANTES QUE ELAS CRESÇAM

    

      "Há um período em que os pais vão ficar órfãos dos seus próprios filhos.

     Em que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados e crescem sem pedir licença. Crescem com estridência alegre e, às vezes, com aleardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem de repente. Um dia sentam-se perto de você, no terraço, e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
     Onde é que foi crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaço e amiguinhos, e o primeiro uniforme do maternal?
     A criança está mcrescendo num ritual de obediência organizada e desobediência civil. E você agora está ali na porta da discoteca esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais ao volante esperando que saiam esfuziantes sobre patins e cabelos soltos. Entre hamburgues e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros, ou então, com a blusa amarrada na cintura. Está quente. Achamos que vai estragar a blusa, mas não tem jeito, é o emblema da geração.
     Pois ali estamos, com os cabelos esbranquiçados. Esses são os filhos que conseguimos gerar apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e das ditaduras das horas. E eles crescem meio amestrados, observando nossos erros.
     Há um período em que os pais vão ficar órfãos dos próprios filhos. Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e festas. Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvirmos sua alma respirando conversas e confidências entre os lençõis da infância, e os adolescentes cobertos daquele quarto cheio de adesivos, agendas coloridas e discos ensurdecedores. Não os levamos suficientemente ao parque de diversões, ao shopping, não lhes demos suficientes hamburguers e Cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas. Elas crescem sem que esgotássemos nela todo afeto.
     No princípio subiam a serra, ou iam à casa da praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, Natais, Páscoas, piscinas e amiguinhos. Sim, haviam brigas dentro do carro, a disputa pela janela, pedidos de chicletes, sanduíches e cantorias infantis. Depois chegou a idade em que viajar com os pais passou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível largar a turma e os primeiros namorados. Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram. Mas de repente morriam de saudades daqueles "pestes".
     O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e desitribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar nosso afeto.
     Por isso é necessário fazer alguma coisa antes que eles cresçam".

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